Calda de Cascas de Cebola: a solução orgânica definitiva contra pragas na horta
Se você procura um método 100 % natural para controlar pulgões, cochonilhas e outras pragas sem contaminar o solo, a calda de cascas de cebola é a resposta.
Nas próximas linhas, você descobrirá a ciência por trás da técnica, um passo a passo completo, comparativos com outros bioinsumos e dicas práticas testadas em hortas profissionais. Ao final, estará apto a preparar, aplicar e potencializar esse inseticida caseiro de baixo custo e alta eficácia.
Introdução: por que cascas de cebola viraram tendência na agricultura urbana
As hortas caseiras cresceram 38 % no Brasil nos últimos cinco anos, segundo o Instituto Brasileiro de Horticultura Urbana.
Com esse avanço, o uso excessivo de agrotóxicos em espaços domésticos se tornou uma preocupação. É nesse contexto que a calda de cascas de cebola emerge como alternativa popular. Afinal, o que antes virava lixo orgânico hoje é transformado em um poderoso repelente. Ao longo deste artigo você aprenderá:
- Como a bioquímica da cebola afeta insetos sugadores.
- Receita detalhada e tempo de maceração ideal.
- Diferença de desempenho em relação a caldas de alho, fumo e pimenta.
- Métodos de aplicação validados por produtores agroecológicos.
- Dúvidas frequentes e erros que comprometem resultados.
Prepare-se para revolucionar sua horta com conhecimento técnico, sem abrir mão da simplicidade.

1. O que é a calda de cascas de cebola e por que ela funciona
Composição fitoquímica relevante
A casca externa da cebola (Allium cepa) contém concentrações elevadas de quercetina, antocianinas e compostos sulfurados. Essas moléculas apresentam ação antialimentar, tornando a seiva vegetal menos palatável para pulgões (Aphis gossypii) e cochonilhas (Planococcus citri). Estudo da Universidade de Lavras (2021) demonstrou redução de 84 % na taxa de reprodução de pulgões após seis pulverizações semanais.
Mecanismos de defesa ativados
Além do efeito de contato, os flavonoides presentes estimulam a síntese de fitoalexinas na planta tratada, reforçando as defesas naturais. Isso significa que a calda não age apenas como barreira externa; ela “treina” a planta a reagir mais rápido a ataques subsequentes. Resultados publicados na revista Plant Defense apontaram aumento de 27 % na atividade da enzima peroxidase em mudas de alface submetidas à calda de cebola.
“Quando utilizamos subprodutos ricos em compostos fenólicos, como a casca de cebola, unimos manejo de resíduos e controle integrado de pragas em uma abordagem circular e altamente eficiente.”
— Prof. Dr. Helena Castro, Fitopatologista, UFRRJ
Em síntese, a eficácia não é empírica; há base científica consolidada. E tudo isso com custo praticamente zero, já que as cascas são obtidas do consumo doméstico.
2. Passo a passo para preparar a calda perfeita
Ingredientes e proporções
- 50 g de cascas de cebola (equivalente a 3–4 unidades médias).
- 1 L de água sem cloro (descansada por 24 h ou filtrada).
- 1 colher (chá) de sabão neutro ou detergente ecológico (opcional, como espalhante adesivo).
Método de extração
- Esmague ligeiramente as cascas para romper estruturas celulares.
- Ferva-as por 5 minutos, desligue o fogo e tampe.
- Deixe a infusão descansar por 24 h, permitindo que a temperatura caia lentamente.
- Coe em pano fino e adicione o sabão, misturando bem.
- Transfira para borrifador âmbar, rotule com data e validade (7 dias em geladeira).
Booster de eficácia (opcional)
Adicionar 5 ml de óleo de neem ou 2 g de pó de canela potencializa o espectro de controle, atuando também sobre fungos superficiais.
3. Aplicação correta: frequência, dosagem e cuidados
Momento ideal
Aplique sempre nas primeiras horas da manhã ou após 17 h para evitar evaporação rápida. Folhas levemente úmidas absorvem melhor compostos hidrossolúveis.
Frequência recomendada
- Prevenção: 1 vez por semana.
- Controle de surto: em dias alternados durante 10 dias.
- Manutenção: quinzenal após eliminação das pragas.
Check-list de aplicação
- Agite o borrifador a cada 5 minutos para manter sólidos em suspensão.
- Direcione o jato para o verso das folhas, onde pulgões se concentram.
- Evite uso em horário de sol forte para não causar fitotoxicidade.
- Lave o bico do borrifador com água morna após uso, evitando entupimentos.
- Use luvas; apesar de natural, compostos sulfurados podem irritar peles sensíveis.
4. Comparativo entre caldas orgânicas populares
Critério | Cascas de cebola | Alho + pimenta | Fumo de rolo |
---|---|---|---|
Principais pragas-alvo | Pulgão, cochonilha, ácaros | Trips, lagartas, pulgão | Cochonilha, pulgão, percevejo |
Tempo de preparo | 29 h (inclui infusão) | 72 h de maceração | 48 h + descanso |
Custo estimado | R$ 0,20 por litro | R$ 1,50 por litro | R$ 2,30 por litro |
Risco de fitotoxicidade | Baixo | Médio | Alto se mal diluído |
Odor residual | Leve, some em 1 h | Forte, 3–4 h | Persistente até 24 h |
Impacto em insetos benéficos | Mínimo | Moderado | Alto |
Validade após preparo | 7 dias refrigerado | 10 dias | 15 dias |
Observa-se que a calda de cascas de cebola apresenta equilíbrio entre eficácia, baixo custo e segurança. É, portanto, indicada para horticultores iniciantes que buscam resultados rápidos sem complicações técnicas.
5. Benefícios adicionais das cascas de cebola no solo e nas plantas

Ação como biofertilizante foliar
Quando aplicada em baixa concentração (5 %), a calda fornece micronutrientes como manganês e zinco, essenciais para a fotossíntese. Pesquisas da Embrapa Hortaliças revelaram aumento de 12 % no teor de clorofila em rúculas tratadas.
Reciclagem de resíduos e economia circular
Transformar lixo orgânico em insumo reduz o volume de resíduos enviados a aterros. Estima-se que cada família brasileira descarta 0,6 kg de cascas de cebola por mês. Multiplicado por 50 milhões de domicílios, temos 30 mil toneladas reaproveitáveis anualmente.
Estimulação da microbiota benéfica
Ao ser incorporada ao solo, a casca de cebola atua como fonte de carbono para bactérias fixadoras de nitrogênio, favorecendo desenvolvimento radicular. Esse efeito foi constatado em ensaio conduzido na USP/ESALQ (2022) com tomate cereja.
6. Erros comuns e como evitá-los
Principais falhas observadas
- Utilizar água clorada diretamente da torneira, que oxida flavonoides.
- Aplicar ao meio-dia, causando queimaduras foliares.
- Não coar adequadamente e entupir pulverizadores.
- Armazenar em recipientes transparentes, reduzindo estabilidade dos compostos.
- Superdosagem: concentração acima de 10 % pode inibir a fotossíntese.
- Misturar com inseticidas químicos, perdendo selo orgânico.
- Não alternar bioinsumos, levando à adaptação das pragas.
Ao evitar esses deslizes, a taxa de sucesso da calda ultrapassa 90 % segundo experiências de campo relatadas pela Rede Ecovida.
7. Estudos de caso: hortas que reduziram pulgões em 90%
Horta comunitária Vila Verde (São Paulo – SP)
Responsável por 800 m² de cultivo, a coordenação adotou a calda de casca de cebola em 2022. Após 40 dias e 12 aplicações, o monitoramento entomológico registrou diminuição de 92 % na densidade populacional de pulgões em couves. Além disso, obteve-se certificação de Produto Orgânico Municipal.
Condomínio Solar das Palmeiras (Curitiba – PR)
Em canteiros verticalizados de 50 m², moradores aplicaram a calda durante o verão, estação crítica para cochonilhas. O índice de folhas danificadas caiu de 27 % para 3 % em três semanas. A calda também melhorou o aspecto visual das plantas, facilitando a adesão de novos voluntários ao projeto.
Projeto Horta na Escola (Recife – PE)
Alunos do ensino fundamental participaram da produção e aplicação da calda, integrando aulas de ciências e sustentabilidade. Houve redução de 88 % de pragas e aumento de 15 % na produtividade de alface, servida na merenda escolar.
Esses resultados reforçam que o conhecimento científico, aliado à prática comunitária, forma um ciclo virtuoso de aprendizado e autonomia alimentar.
FAQ – Perguntas frequentes sobre calda de cascas de cebola
1. Posso usar casca roxa e branca juntas?
Sim. A casca roxa contém mais antocianinas, potencializando o efeito; misturá-las amplia o espectro de compostos ativos.
2. A calda mancha as folhas?
Quando coada corretamente, não. Eventuais manchas amareladas desaparecem em 48 h.
3. É seguro para animais de estimação?
Sim, mas mantenha pets longe durante a aplicação para evitar ingestão direta de sabão ou óleo de neem.
4. Quantas vezes posso reaproveitar a mesma casca?
Apenas uma. A segunda infusão apresenta redução de 60 % nos compostos ativos.
5. Funciona contra lesmas e caracóis?
Não. Esses moluscos exigem controle físico ou iscas específicas.
6. A calda substitui adubação NPK?
Não. Ela complementa o manejo nutricional, mas não fornece macronutrientes suficientes para crescimento vegetativo.
7. Como identificar fitotoxicidade?
Folhas com bordas queimadas ou manchas necrosadas após 24 h da aplicação indicam concentração excessiva. Interrompa o uso e irrigue abundantemente.
8. Pode ser aplicada em frutíferas?
Sim, especialmente cítricos e jabuticabeiras, que sofrem com cochonilha. Respeite a concentração máxima de 10 %.
Recapitulando os pontos-chave:
- Calda de cascas de cebola apresenta ação comprovada contra pulgão e cochonilha.
- Preparação simples: fervura + infusão de 24 h.
- Aplicar semanalmente na prevenção e a cada 48 h em surtos.
- Baixo custo, baixo risco ambiental e reciclagem de resíduos.
- Resultados de campo mostram até 92 % de eficácia.
Agora que domina a técnica, coloque em prática na sua horta e compartilhe sua experiência nos comentários do vídeo original do canal Somos Verdes.
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Créditos: conteúdo inspirado no vídeo “CALDA DE CASCAS DE CEBOLA CONTRA AS PRAGAS, PULGÃO, COCHONILHA” do canal Somos Verdes.